sábado, 3 de dezembro de 2011

Melanie Costa Aveiro



Sou estudante de Bioquímica da Universidade de Aveiro, e a pedido da minha querida amiga Fátima, escrevo este texto sobre as praxes na minha universidade e a minha opinião sobre elas. 
  Quando se entra na universidade, a nossa sobrevivência vê-se posta em causa, principalmente se quando não conhecemos absolutamente ninguém, como foi o meu caso, e quando os nossos dotes culinários não são os melhores. 
Os amigos ficaram todos no secundário, ou foram para outros pontos do país, e o pior é que saímos do quentinho confortável da casa dos nossos pais. E aqui se encontram os dois principais problemas de um caloiro, ou melhor dizendo, de um aluvião, como em Aveiro são chamados esses seres de 1ª matrícula.
     É também aqui que para mim, se encontra o principal objectivo da praxe, e a razão porque a considero tão importante e, para mim, até indispensável! Mas antes de continuar com este assunto, quero falar um pouco sobre a tradição académica de Aveiro, e do porquê de eu gostar tanto dela:
     Aveiro criou um código académico que foge em muitos aspectos ao tradicional código de praxe de Coimbra e de muitas outras universidades do país, tendo optado por um Código de Faina que faz reviver nos estudantes da sua Universidade os costumes e tradições desta cidade em que o Sol e o Sal, o Mar e a Pesca foram grandes pilares. Assim, este nome Faina, que venho a usar desde o inicio do texto, é adaptado da pesca, para designar a Praxe em si. Aqui, não há caloiros, há Aluviões, sedimentos que chegam com as águas da ria de Aveiro, por volta de Setembro e que fertilizarão os campos. Aqui, não há bichos ou bestas, há Lodos e Lamas. 
Não há capas, mas sim Gabões, que os pescadores envergavam diariamente.
    E agora sim, digo a razão porque considero a praxe indispensável, porque ela não serve para humilhar, nem para alimentar o ego desses tais que envergam o Traje com sentimentos de superioridade. A praxe é integração. E nem precisava de dizer mais. Foi na praxe que conheci os meus amigos, e tenho a sorte acrescida de a comissão de “faina” a que pertenço ser composta por 3 cursos, pelo que conheço o triplo das pessoas graças às praxes. Foi também por ter que andar a percorrer a cidade de Aveiro nas praxes que fiquei a conhecê-la.
 A praxe, torna também possível o traçar de amizades entre estudantes de diferentes matrículas, que de outro modo seria bastante improvável, e que dá muito jeito a muitos caloiros, no que toca a troca de apontamentos e livros, e principalmente de experiências e saberes académicos, dentro e fora da academia.
    Tenho muito orgulho na tradição académica Aveirense, e de pertencer a ela. Estive na pele de lama (caloira) um ano inteiro, e não há melhor experiência! É aprender o respeito, e a humildade perante uma nova etapa da nossa vida. Custar? 
Bem, entupir o ralo da banheira com cascas de ovo, terra e até minhocas não é sempre agradável, mas é uma alegria que só um estudante que entra no espírito compreende.



E toda a praxe vale a pena, quando no ano seguinte se sente o orgulho de envergar o traje académico.

1 comentário:

  1. Isto parece tão melhor do que o que acontece na UP. Estive lá por alguns meses (não gostei do curso) e a praxe era a coisa mais secante da vida, passávamos as tardes rodeados de doutores a tentaram fazer-nos memorizar coisas como deveres e direito de caloiros, hierarquias... era uma praxe demasiado parada... este ano vou concorrer de novo para outro curso e estou indecisa se ponho Aveiro na primeira opção ou não, (parece ser uma vida académica bastante diferente da que se tem cá).
    Bom blog, by the way :)

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