sexta-feira, 2 de dezembro de 2011

Ana Gomes Beja

Estou a estudar Terapia Ocupacional em Beja e para mim as praxes mostraram ser uma forma de integração, foi através delas que conheci a maior parte dos meus colegas de turma, o que foi bastante importante pois não conhecia lá ninguém.

De início achei que as praxes estavam a ser muito puxadas, como não sabia o que esperar foi complicado ter pessoas a gritar comigo, mas ao terceiro dia comecei a entrar no espirito e comecei a adorar ser praxada, diverti me muito. 

Cada um de nós tinha um slogan que tínhamos de apresentar à frente de toda a gente, rebolamos, passamos muito tempo de quatro, comemos alho, bolachas com vinagre, cantamos o hino do nosso curso e muitas outras músicas, pintavam-nos as mãos com verniz, pintavam-nos a cara com batom e todos os dias íamos completamente sujos para casa e houve o chamado dia da tropa que dizem ser o mais difícil, mas na minha opinião foi um dos mais divertidos, houve o dia em que tivemos de andar de pijama e algumas vestidas de homens.
 Houve vários dias temáticos como por exemplo o dia das celebridades em que tínhamos de fazer o papel de um cantor geralmente pimba e vestirmo-nos a rigor, houve o dia do zoo em que tivemos de nos vestir segundo os animais de varias histórias infantis, o que pode parecer um pouco ridículo mas 
mostrou ser bastante hilariante. Apesar de não nos podermos rir divertimo-nos muito durante estes dias. 

Participamos também num peddy paper para conhecer a cidade e no rally tascas em que através de um jogo conhecemos vários bares da cidade.

Houve algo que considerei muito importante e acho que deveria ser feito nas praxes em todas as universidades que foi a semana da solidariedade em que num dia angariamos dinheiro para os bombeiros voluntários e noutro dia angariamos dinheiro para um menino chamado Simão, que nasceu com paralisia cerebral, fomos pelas ruas da cidade pedir dinheiro para estas duas causas.

Em Beja toda a gente vai a tribunal de praxe, tive algum receio do que pudesse acontecer, mas nem achei mau e até gostei.

Na última semana houve a chamada procissão das velas, em que tínhamos de usar as t-shirts do curso e tínhamos de levar as velas da mesma cor, pelas ruas de beja cantámos e mostramos o nosso espirito académico.

No último dia de praxes ocorreu o desfile académico e posteriormente o baptismo, onde com as cores do nosso curso cantámos até não poder mais, durante o desfile fizemos também um protesto pois o instituto politécnico tenciona acabar com as praxes em Beja, neste protesto cantámos o hino nacional.
 O baptismo foi um dos pontos altos do mês de praxe, foi absolutamente espectacular, foi um momento de bastante alegria, e onde nós os “bichos” passámos a caloiros.

Fomos praxados pelos supremos que andam no último ano dos seus cursos, não fomos praxados por pessoas do nosso curso pois o curso só abriu no ano passado.

As praxes duram um mês, e todas as quintas desse mês realizaram se jantares, onde participavam bichos e supremos, onde tivemos oportunidade de conviver com os nossos supremos de forma diferente, ou seja sem estar naquele ambiente de praxe, o que nos permitiu conhece-los melhor para posteriormente escolhermos os nossos padrinhos. ~
O terceiro jantar ocorreu em casa dos padrinhos já escolhidos e o ultimo jantar foi como que o jantar de final de praxe, onde comemorámos o baptismo. Durante as praxes raramente houve praxes nocturnas tirando um ou outro dia e o tribunal. À noite costumávamos ir ao café com os supremos, onde num ambiente mais descontraído nos pudemos conhecer e trocar impressões. E visto que na minha turma existem pessoas de todos os pontos do país foi uma maneira de trocar conhecimentos acerca dos costumes de cada terra.

Em Beja há quem diga que as praxes são muito más, mas pelo menos as da Escola Superior de Saúde não são. Nunca nos sentimos humilhados, nem nunca nos fizeram nada de muito grave, claro que gritavam e nos davam ordens como em qualquer outra praxe. Apesar das muitas nódoas negras, do muito esforço físico e das horas a tentar tirar ovos e tudo o mais do cabelo, adorei esta experiência de ser praxada, acho que por um lado torna-nos mais fortes, devido ao facto de aguentar mos os gritos sem responder, o que nos poderá acontecer num contexto de trabalho em que possivelmente vamos ter superiores a dar nos ordens e não vamos poder responder, por isso acho que de certa forma as praxes nos ensinam certas coisas que no futuro nos vão ajudar. 
Acho também que são uma forma de nos integrarmos no lugar onde vamos estudar e uma forma de construir laços com os nossos colegas de turma, é também uma forma de nos divertirmos. Para mim as praxes proporcionaram me muitos momentos que não vou esquecer e que me vão acompanhar ao longo destes 4 anos que tenho pela frente. Acho que ser praxado é uma experiência que todos os estudantes deveriam ter.








                                                                                                                                                     Ana Gomes

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