domingo, 4 de dezembro de 2011

Manuel António ESTA - Escola Superior de Tecnologia de Abrantes

A Praxe

A praxe é tudo e é nada.

A praxe é um não existir.

A praxe é um desistir,

A praxe é uma negação.

A praxe é contradição.

A praxe é careta.

A praxe é conservadora.

A praxe é o retrocesso.

A praxe é andar para trás.

A praxe é antecipar a velhice.

A praxe é uma mentira.

A praxe é o mais fácil.

A praxe é encarneirar.

A praxe é um não querer pensar.

A praxe é não querer aprender.

A praxe é privilegiar a burrice.

A praxe é a antítese da escola.

A praxe é anti-escola.

A praxe é fascista.

A praxe é nazi.

A praxe respeita a ditadura.

A praxe dá-se bem com os ditadores.

A praxe é perpetuar a injustiça.

A praxe faz figuras tristes.

A praxe gaba-se de obrigar a fazer figuras tristes.

A praxe é a falta de bom senso.

A praxe é a falta de senso.

Morte à praxe!



Dizem-me que a praxe é uma forma bonita de integração.

Todos conhecemos múltiplas formas de integração, nos mais diferenciados contextos, nas diferentes idades e nos diferentes níveis escolares.

Mas se o objectivo da praxe é salutar, a filosofia que lhe está subjacente é ignóbil.

Os jovens do ensino “Superior” – título já por si infeliz – só pelo facto de serem jovens têm o dever/obrigação de questionar a sociedade e os valores que os rodeiam e, assim, manter o que justifica e acabar com tudo o que não tem justificação ou razão de ser.

Em Democracia, os Seres Humanos regem-se por regras de respeito mútuo e de igualdade no trato, regra, de todo, ausente no espírito da praxe.

A regra do respeito absoluto pelo mais velho – neste caso quem tem mais matrículas – deveria corar de vergonha todos e todas a quem foi dada uma cabeça para pensar.

Ou seja, via praxe, a escola – lugar de aprendizagem – acaba por privilegiar a burrice.

O respeito absoluto pela hierarquia é, porventura, o símbolo maior de qualquer sociedade fascista. No entanto, através da praxe, os jovens - que deveriam ser agentes transformadores – são símbolos de perpetuação do mais bolorento e mais retrógrado que uma sociedade pode conhecer.

Triste de uma sociedade em que os jovens já são velhos.

2 comentários:

  1. Caro Manuel. É bom que tenhas dado a tua opinião. Também gosto de ouvir não só opiniões de quem é a favor da praxe, mas também de quem é contra, para saber quais são os seus argumentos. Há pessoas que têm más experiências com a praxe a que foram submetidos e que por isso são contra. E aí compreendo.

    Agora, acho que a opinião retrógrada aqui, não é a daqueles que veneram e praticam a Arte de bem Praxar. Acho a tua opinião, uma opinião dada de palas nos olhos (palas como aquelas que usavam os pobres animais que puxavam carroças).

    Achas que é burrice e anti-democracia o acto de praxar e ser praxado. Que quem traja é ditador e nazi. Perante estes teus comentários deu-me uma séria vontade de rir.

    Primeiro, tanto quanto sei, ninguém é obrigado a submeter-se às praxes. Quem não quer não é praxado, e pára a história. Agora, quem não foi praxado e não tem mente aberta para aceitar uma nova experiência, que não venha querer acabar com uma tão boa e portuguesa tradição académica. Pois isso sim, parece-me anti-democrático ;)

    O objectivo numa praxe não é quem está trajado fazer-se superior aos outros. É sim fazer ver aos caloiros que são todos iguais, e companheiros. Queria ver se sem isso todos se dariam tão bem ;)

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  2. olha vai pró caralho!!!

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